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A lição de Balu


Dia desses, estava conversando com uma amiga, quando fomos interrompidas por uma senhora, que estava dentro de um táxi: “agora, vocês vão ter que trabalhar um pouco”. Eu e minha amiga nos entreolhamos, sem entender a situação.

A senhora nos disse: “preciso de ajuda para sair do táxi”. Imediatamente, nos prontificamos a fazer o que fosse necessário. A senhora continuou: “só preciso que fique aqui ao lado e que me dê o braço”. Não sabia exatamente como fazer e pedi que ela me orientasse sobre a melhor forma de sentir-se segura para andar. Explico – ela usava muleta e caminhava com alguma dificuldade. Ela sabia exatamente onde eu deveria ficar para que pudesse realizar os movimentos de sair do táxi, levantar-se, apoiar-se na muleta e subir o degrau da calçada. Parecia estar acostumada a conduzir o processo e eu, que nada sabia em relação às suas necessidades, fui apenas fazendo o que ela pedia. Deixei-me guiar – simples assim!

Quando já estava na calçada, explicou: “sempre venho aqui fazer compras! Vocês precisam conhecer os produtos desse rapaz – deliciosos”.

No meu afã de sempre querer ajudar, já estava me colocando ao seu lado para acompanhá-la até o ponto de venda. Minha amiga, mais atenta do que eu, lhe perguntou se ela precisava de companhia para ir até lá.

Ela nos olhou com alguma surpresa e disse que estava ótima, que não precisava de nosso auxílio, mas que deveríamos provar os maravilhosos quitutes.

Aprendi várias lições numa cena bastante singela e corriqueira e que durou apenas alguns minutos.

A pessoa que precisa de ajuda sabe a melhor forma de pedir. Então, por exemplo, se fosse uma pessoa com deficiência visual, ela saberia dizer como darmos o braço, de que lado deveríamos nos colocar, etc.

Outro importante aprendizado é que a pessoa que tem, eventualmente, alguma deficiência sabe a medida da sua necessidade de ajuda. E nosso auxílio deve ser apenas aquele necessário. Não é porque a pessoa tem uma dificuldade que ela é incapaz para tudo… E aí, devemos segurar nossos ímpetos de fazermos mais do que realmente a pessoa precisa.

Fiquei pensando na maneira pela qual tratamos as pessoas com deficiência, as crianças, os idosos… Tentar protegê-los, “poupá-los” ou fazer as coisas por eles é uma forma de não reconhecer o quanto são capazes …

Lembrei-me do ótimo conselho cantarolado por Balu para Mogli, o menino lobo, no antigo desenho da Disney: “necessário, somente o necessário; o extraordinário é demais…”. Não subestimemos as pessoas. Esse é um exercício diário!


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