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TEMPO DE INCERTEZAS E DE RESSIGNIFICAÇÕES


Nenhuma de nossas previsões e planos para 2020 incluía esta Pandemia.

De repente, tivemos que suspender o que estávamos nos esforçando para construir neste novo ano, considerando a afirmativa de que o ano só começa depois do Carnaval, para seguirmos orientações, que, aos poucos, vão se tornando determinações. O ano escolar estava engrenando, rotinas mais ajustadas, adaptações se consolidando, planejamento deixando a transição entre um ano e outro e assumindo mais claramente os desafios pedagógicos pertinentes. Iríamos começar o primeiro ciclo de avaliações. E então, algo que estávamos ouvindo com distanciamento e que se expandia da China para outros países, aproximou-se da nossa realidade, exigindo que nos reprogramássemos para viver este período. Coube a todos nós, sensatamente, seguirmos as orientações de especialistas e autoridades governamentais. ISOLAMENTO.

E agora? O que faço com os planos construídos? O que faço com toda a satisfação que teria em realizá-los um a um? Não vou poder levar minha filha para visitar a avó? Mas ela mora sozinha, não vai encontrar com ninguém neste período. Já estava começando a programar uma viagem para o recesso de julho. Será que ainda teremos recesso em julho? E minha renda mensal? E meus compromissos financeiros? Como vou honrá-los? Tenho muitos familiares e amigos que são autônomos, trabalham no terceiro setor. O que será deles? E o que devo dizer aos meus filhos? Como vou ajudá-los a compreender uma situação que eu mesma ainda não compreendi?

Nossa cabeça foi invadida por uma série de dúvidas que trazem inquietações e muita insegurança. Estamos em casa com tempo mais disponível do que estaríamos nesta época do ano! Tempo livre para que a angústia se instale com sucesso! O que fazer diante disso tudo?

Percebo que primeiro teremos sim que aceitar inteiramente, racionalmente e emocionalmente, as incertezas do que estamos vivendo para que possamos elaborar maneiras de vivenciá-las. Enquanto estivermos negando o inevitável, estaremos desperdiçando energia que poderia ser canalizada na busca de alternativas e ressignificações.

Às famílias, recomendo que falem sobre o assunto com seus filhos, respeitando a possibilidade de compreensão e colaboração de cada faixa etária. Os adolescentes vivem, ao mesmo tempo, o medo e a sensação de onipotência, conversar com eles sobre as informações que estão amplamente disponíveis pode ajudar a despertar o que também é típico desta fase da vida: a solidariedade. A psicóloga Lidia Aratangy, em seu podcast para o Grupo Critique que pode ser ouvido aqui, aborda o assunto com clareza. Elaborem uma nova rotina para este momento inesperado. Certamente vai ajudar todos a suportar o distanciamento das atividades e das pessoas que amamos. Além disso, amenizará o vazio e o tédio que podem permear este período. Valorizar os pequenos produtores locais também será fundamental para que uma forte rede de apoio se estabeleça, principalmente quando pudermos voltar a circular e consumir.

Acredito que muitos aprendizados serão construídos apesar de todo o caos. Aprendizados que serão necessários para que possamos retomar nossas vidas anteriores a tudo isso. Não sei se será possível voltarmos exatamente para o mesmo ponto onde paramos. O mundo certamente já não será o mesmo e cada um de nós também estará consideravelmente diferente do que antes desta Pandemia.


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